terça-feira, 14 de agosto de 2007

A NÃO TÃO SECRETA VIDA SEXUAL DE LILITHRecorrendo tanto a magos quanto feministas do passado e do presente, Lilith, ou Lilitu ("espírito de vento" na mitologia Assíria-Babilônica) foi uma ávida amante do sexo. Na lenda, Lilith foi a segunda esposa de Adão. Ela pode ter sido a irmão siamesa de Adão (unidos pelas costas) como criada da imundície (vulgo lama). De qualquer maneira, Lilith queria uma relação de igualdade com Adão.
Presumidamente, ambos levaram uma vida suficientemente feliz até que voltaram-se ao sexo. Quando chegou o tempo de dividirem conhecimentos carnais, Adão aborreceu-se por Lilith negar-se a assumir uma posição submissa. Ela queria, de acordo com alguns relatos, deitar-se lado-a-lado de Adão. Em outros relatos, ela queria ficar por cima de Adão. Em ambos os casos, Adão tornou irredutível sua vontade e recusou o pedido de Lilith. Quando ele tentou forçá-la a fazer as coisas a seu modo, ela proferiu o nome mágico de Deus, elevou-se no ar, e vôou sem rumo a procura de parceiros sexuais mais amenos. Sua vida sexual rapidamente sofreu uma grande mudança. Ela teve turbulentas aventuras eróticas com anjos caídos, e juntos eles geraram uma enorme família de demônios chamados lilim, virtualmente idênticos a succubi da demonologia Cristã. Na cultura muçulmana, entretanto, Lilith apresentou sua necessidades sexuais a Satã, e juntos criaram os djinns (ou gênios).
- A INTERVENÇÃO DOS ANJOSNesse meio tempo, Adão foi deixado sozinho a reclamar. Três anjos, Semangelaf, Sanvi e Sansanvi, foram enviados para recuperar Lilith. Os três anjos a encontraram perto do Mar Vermelho, onde ela estava dando a luz a mais de cem lilims por dia. Os anjos exigiram que ela retornasse ao Éden com eles. Ela recusou, dizendo: "Deixe-me! Eu fui criada apenas para causar doenças nos infantes. Se a criança é homem, eu tenho domínio sobre ele por oito dias; se for mulher, por vinte". Semangelaf, Sanvi e Sansanvi então recorreram a chantagem. Para cada dia que Lilith recusasse a retornar ao Éden, eles iriam massacrar uma centena de suas crias demoníacas. Novamente ela recusou, sendo seus filhos punidos como prometido. Como Lilith não retornou mais e Adão não pararia de lamuriar-se, Deus cedeu a seus apelos. Ele criou a muito mais subordinável (entretanto, não tão subordinável assim) Eva. Todos sabem o que aconteceu depois.
- A GUERRA DECLARADA A MÃES E FILHOSUma vez que Lilith abandonou o Paraíso antes da Queda, ela não foi condenada a mortalidade como foram Adão e Eva. Lilith então seguiu seu caminho para torna-se um demônio por sua própria vontade, ou talvez um anjo vingador. Ela procurou vingança pela morte de suas crianças. Lançou-os em uma guerra contra mulheres gravidas e bebês recém-nascidos (especialmente garotos). Apesar disso, ela foi forcada pelos três anjos a jurar que não iria ferir mães e crianças protegidas por certos amuletos. Estes amuletos possuíam os nomes de Sanvi, Sansanvi e Semangelaf. No final do século XVII, mães e crianças de muitas culturas tomaram vantagem da proteção destes amuletos. Simpatias e rituais acompanhavam o uso dos amuletos, protegendo mães e crianças da justiça de Lilith. Bebês do sexo feminino eram consideradas vulneráveis nas primeiras três semanas de vida. Garotos acreditava-se serem vulneráveis por longos períodos de tempo, entretanto. Qualquer garoto com idade de oito anos era uma possível presa. Para proteger suas crianças, os pais desenhavam com carvão um circulo de proteção nas paredes da cabeceira das camas das crianças. Dentro do círculo era escrito "Adão e Eva, exceto Lilith", "Proteja esta criança do mal" ou "Adão e Eva: fora Lilith!". Os nomes dos três anjos, Sanvi, Sansanvi e Semangelaf eram escritos na porta dos quartos. "As vezes amuletos com tais inscrições eram colocados em todos os cantos e por toda a parte na cabeceira da cama. Se a criança risse durante o sono, era sinal de que Lilith estava presente no quarto. Um "tapinha" no nariz da criança fazia o demônio ir embora" (Guiley 1989 203).
A GUERRA AOS HOMENSTodavia, não era somente mulheres e crianças que temiam Lilith; muitos homens também experimentaram o medo de seus ataques. Há muito, muitos homens procuraram explicações para seus sonhos molhados. Tal explicação viria no fato de que a retribuição dada por Lilith a morte de suas crias também fora dirigida aos homens que durmiam sós. De acordo com o Talmud: "- É imprudente para o homem dormir em uma casa como único ocupante, pois Lilith poderá capturá-lo"
(Wedeck 88)Homens cujos os quais experimentaram "erupções" noturnas acreditam que eles tenham sido seduzidos por Lilith, rainha das succúbus, em seus sonhos. A estes homens era recomendado dizer encantamentos para prevenir sua prole de vir a se tornar demônios. Alguns homens não eram tão sortudos. Esses condenados tinham seu sangue sugado para fora de seus corpos. Desta maneira, a insaciável Lilith, junto com a igualmente antiga Lamia, fora uma vampira. Como rainha das succúbus, acreditava-se que Lilith teria recebido ajuda em suas empreitadas das mais favoritas companheiras. Seu amante demoníaco Samael (cujo nome significa "sinistro" ou "abandonado") teria feito festas juntamente com Lilith e as succúbus perto das "montanhas da escuridão".
LILITH NO FOLCLOREO texto a seguir foi extraído de um conto folclórico hebraico: "A esposa trouxe um espelho e toda a fina mobília do porão de seu próprio lar e orgulhosamente exibiu-a pelos cômodos. Ela pendurou o espelho no quarto de sua filha, que possuía os cabelos negros em forma de coquete. A garota olhava-se, de relance, por todo o dia, e desta maneira ela era arrastada para a teia de Lilith. Aquele espelho tinha sido pendurado em um covil de demônios, e uma filha de Lilith tinha feito do espelho a sua casa. E quando o espelho fora pego de uma casa assombrada, a succubus viera junto com ele. Pois todo espelho é uma passagem para o outro mundo e este era um caminho que dava direto para a caverna de Lilith.
Esta caverna foi para onde Lilith fugiu quando abandonou Adão e o Jardim de Éden por toda a eternidade, a caverna onde ela divertiu-se com seus amantes demoníacos. Desta uniões, multidões de demônios nasciam, que acabavam por, em bandos, saindo da caverna e infiltrando-se no mundo. E quando eles querem retornar, simplesmente entram no espelho mais próximo.
É por isso que é dito que Lilith faz sua casa em todos os espelhos. Agora a filha de Lilith, que tinha feito do seu lar o espelho que era todo o momento olhado pela garota para o qual posava. Ela aguardou seu tempo e , um dia, ela escorregou para fora do espelho e possuiu a garota, entrando através seus olhos. Deste modo ela tomou o controle dela, excitando seu desejo à vontade. Então, o que aconteceu foi que aquela jovem garota, controlada pelo desejos maldosos da filha de Lilith, passou a dormir com todos os jovens homens que viviam na mesma vizinhança." Extraído de "Lilith's Cave", Lilith's Cave: contos sobrenaturais judeus, editado por Howard Schwartz (São Francisco: Harper & Row, 1988).